domingo, 2 de junho de 2013
Álvaro de CAMPOS --- um excerto de TABACARIA
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Olá Lena,
ResponderEliminarOs meus parabéns a tua Gavetinha está linda com as fotos lindíssimas que fizeste no Funchal e com os poemas que vais publicando; é pena que não saiam com a forma de poemas.
Um grande beijinho
Lurdes
Pois é Lurdes já devia ter ido ao SEnhor que me vendeu o computador mas,....vai passando....passando....
ResponderEliminarAinda bem que continuas a gostar da maneira como exponho as fotos e que aprecias os poemas que escolho; muito obrigada!
Quando o tempo estiver seguro e que pense que o dia não é ventoso, irei à nossa Figueira da FOZ...prometido
Beijinho