[ David Mourão Ferreira, que faria anos...]
'No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter?
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter?
— Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos"
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos"
Nesta tão única viagem
tantas vezes sem remos
muitas outras sem rumos
tantas vezes sem remos
muitas outras sem rumos
Entre a brisa e a tormenta
Fomos tantas marés!...
Fomos tantas marés!...
"24 de fevereiro"
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