sexta-feira, 30 de março de 2012
JARDIM do MAR
Jardim do mar, do sol e do vento,
Áspero e salgado,
Pelos duros elementos devastado
Como por um obscuro tormento:
E que não podendo como as ondas
Florescer em espuma,
Raivoso atira para o largo, uma a uma,
As pétalas redondas
Das suas raras flores.
Jardim que a água chama e devora
Exausto pelos mil esplendores
De que o mar se reveste em cada hora.
Jardim onde o vento batalha
E que a mão do mar esculpe e talha.
Nu, áspero, devastado,
Numa contínua exaltação,
Jardim quebrado
Da imensidão.
Estreita taça
A transbordar da anunciação
Que às vezes nas coisas passa.
Áspero e salgado,
Pelos duros elementos devastado
Como por um obscuro tormento:
E que não podendo como as ondas
Florescer em espuma,
Raivoso atira para o largo, uma a uma,
As pétalas redondas
Das suas raras flores.
Jardim que a água chama e devora
Exausto pelos mil esplendores
De que o mar se reveste em cada hora.
Jardim onde o vento batalha
E que a mão do mar esculpe e talha.
Nu, áspero, devastado,
Numa contínua exaltação,
Jardim quebrado
Da imensidão.
Estreita taça
A transbordar da anunciação
Que às vezes nas coisas passa.
Sophia de MELLO ANDRESEN
No mar passa de onda em onda repetido
O meu nome fantástico e secreto
Que só os anjos do vento reconhecem
Quando os encontro e perco de repente
SOPHIA ANDRESEN
O meu nome fantástico e secreto
Que só os anjos do vento reconhecem
Quando os encontro e perco de repente
SOPHIA ANDRESEN
O POEMA----- SOPHIA MELLO BREYNER
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
segunda-feira, 26 de março de 2012
domingo, 25 de março de 2012
A PRIMAVERA____ F. RODRIGUES LOBO
"A Primavera"
já nasce o belo dia,Princípio do verão formoso e brando,Que com nova alegriaEstão denunciando As aves namoradasDos floridos raminhos penduradas.já abre a bela aurora,Com nova luz, as portas do oriente;E mostra a linda Flora O prado mais contente Vestido de boninas Aljofrado de gotas cristalinas. Já o sol mais formoso Está ferindo as águas prateadas;E zéfiro queixosoOra as mostra encrespadas À vista dos penedos, Ora sobre elas move os arvoredos.De reluzente areiaSe mostra mais formosa a rica praia,Cuja riba se arreiaDo álamo e da faia,Do freixo e do salgueiro,Do olmo, da aveleira, e do loureiro.já com rumor profundoNão soa o Lis nos montes seus vizinhos;Antes no claro fundoMostra os alvos seixinhos,E os peixes que nas veiasDeixam, tremendo, a sombra nas areias.já sem nuvens medonhasSe mostra o céu vestido de outras cores,já se ouvem as sanfonhasE flauta dos pastores Que vão guiando o gado Pela fragosa serra, e pelo prado.Já nas largas campinas,E nas verdes descidas dos outeiros,Ao som das sanfoninas,Cantam os ovelheiros,Enquanto os gados pascemAs mimosas ervinhas que renascem.Sobre a tenra verdura Agora os cabritinhos vão saltando,E sobre a fonte puraPassa a noite cantandoO rouxinol suaveCom saudoso acento agudo e grave.Diana mais formosa,Sem ventos, sobre as águas aparece, E faz que a noite irosa Tão clara resplandece À vista das estrelas,Que se envergonha o sol à vista delas.Tudo nesta mudança,Qual em sua esperança,Também de novo cobra novo estado;E qual em seu cuidadoAcha contentamento;Qual melhora na vida o pensamento.
OBS:___SERIA "UM POEMA" mas, o meu computador prega-me estas partidinhas....peço desculpa ao POETA....
já nasce o belo dia,Princípio do verão formoso e brando,Que com nova alegriaEstão denunciando As aves namoradasDos floridos raminhos penduradas.já abre a bela aurora,Com nova luz, as portas do oriente;E mostra a linda Flora O prado mais contente Vestido de boninas Aljofrado de gotas cristalinas. Já o sol mais formoso Está ferindo as águas prateadas;E zéfiro queixosoOra as mostra encrespadas À vista dos penedos, Ora sobre elas move os arvoredos.De reluzente areiaSe mostra mais formosa a rica praia,Cuja riba se arreiaDo álamo e da faia,Do freixo e do salgueiro,Do olmo, da aveleira, e do loureiro.já com rumor profundoNão soa o Lis nos montes seus vizinhos;Antes no claro fundoMostra os alvos seixinhos,E os peixes que nas veiasDeixam, tremendo, a sombra nas areias.já sem nuvens medonhasSe mostra o céu vestido de outras cores,já se ouvem as sanfonhasE flauta dos pastores Que vão guiando o gado Pela fragosa serra, e pelo prado.Já nas largas campinas,E nas verdes descidas dos outeiros,Ao som das sanfoninas,Cantam os ovelheiros,Enquanto os gados pascemAs mimosas ervinhas que renascem.Sobre a tenra verdura Agora os cabritinhos vão saltando,E sobre a fonte puraPassa a noite cantandoO rouxinol suaveCom saudoso acento agudo e grave.Diana mais formosa,Sem ventos, sobre as águas aparece, E faz que a noite irosa Tão clara resplandece À vista das estrelas,Que se envergonha o sol à vista delas.Tudo nesta mudança,Qual em sua esperança,Também de novo cobra novo estado;E qual em seu cuidadoAcha contentamento;Qual melhora na vida o pensamento.
OBS:___SERIA "UM POEMA" mas, o meu computador prega-me estas partidinhas....peço desculpa ao POETA....
sábado, 24 de março de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
Saudação PRIMAVERIL...
"Saudação da Aurora
(Antiga Oração em Sânscrito)
Cuida bem deste Dia,
porque é o Dia da própria essência da Vida.
Neste Dia residem todas as Verdades
e as Realidades de tua Existência:
-- a glória da Beleza;
-- o esplendor da Ação;
-- a benção do Crescimento.
Cuida bem deste Dia!
Pois ontem é apenas um Sonho
E Amanhã, apenas uma Visão.
Mas cada Hoje bem vivido
Torna cada Ontem um Sonho de Felicidade
E cada Amanhã uma Visão de Esperança.
Cuida bem, pois, deste Dia! "C
Juan Ramón Jiménez
(Antiga Oração em Sânscrito)
Cuida bem deste Dia,
porque é o Dia da própria essência da Vida.
Neste Dia residem todas as Verdades
e as Realidades de tua Existência:
-- a glória da Beleza;
-- o esplendor da Ação;
-- a benção do Crescimento.
Cuida bem deste Dia!
Pois ontem é apenas um Sonho
E Amanhã, apenas uma Visão.
Mas cada Hoje bem vivido
Torna cada Ontem um Sonho de Felicidade
E cada Amanhã uma Visão de Esperança.
Cuida bem, pois, deste Dia! "C
Juan Ramón Jiménez
domingo, 18 de março de 2012
sábado, 17 de março de 2012
ROSAS, LAZER E PRAZER____ KÁSSY CHRISTINA
Rosas, lazer e prazer
(anos 80)
Me disseram que as rosas não contam
Não contam porque nem espantam o frio
Nem matam a fome
Me disseram que as rosas são supérfluas
E que por isso
Não é preciso o povo ter jardim
Pra poder plantá-las
E nem um salário suficiente
Pra poder comprá-las
Me disseram que o lazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o lazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter tempo
Pra poder curti-lo
E nem direitos
Pra poder exigi-lo
Me disseram que o prazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o prazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter condições
Pra poder vivê-lo
E nem sabedoria
Pra poder valorizá-lo
Me disseram tanto, tanto
Mas não me provaram nada
Pra mim
Continua assim
Que também as rosas
O lazer
E o prazer
Espantam o frio
E matam a fome
O frio de uma vivência inerte
E a fome por uma vida abundante
............ kÁSSY CHRISTINA
(anos 80)
Me disseram que as rosas não contam
Não contam porque nem espantam o frio
Nem matam a fome
Me disseram que as rosas são supérfluas
E que por isso
Não é preciso o povo ter jardim
Pra poder plantá-las
E nem um salário suficiente
Pra poder comprá-las
Me disseram que o lazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o lazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter tempo
Pra poder curti-lo
E nem direitos
Pra poder exigi-lo
Me disseram que o prazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o prazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter condições
Pra poder vivê-lo
E nem sabedoria
Pra poder valorizá-lo
Me disseram tanto, tanto
Mas não me provaram nada
Pra mim
Continua assim
Que também as rosas
O lazer
E o prazer
Espantam o frio
E matam a fome
O frio de uma vivência inerte
E a fome por uma vida abundante
............ kÁSSY CHRISTINA
sexta-feira, 16 de março de 2012
quarta-feira, 14 de março de 2012
Dia Nacional da POESIA ------ 14 de MARÇO
poema de ALBERTO CAEIRO --------- "GUARDADOR de REBANHOS"
(...................................)
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
quinta-feira, 8 de março de 2012
A Mulher mais Bonita do MUndo-----José Luís Peixoto
A Mulher Mais Bonita do Mundo-------------------------------------------------------------------estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.
entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.
entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.
há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.
estás tão bonita hoje.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.
José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.
entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.
entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.
há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.
estás tão bonita hoje.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.
José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão
HOMENAGEM à MULHER
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Era Assim o Júlio Iglésias....antigamente...
Não sou só eu a envelhecer...
quinta-feira, 1 de março de 2012
Alberto CAeiro
DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
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Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.
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Alberto Caeiro, em "O Guardador
de Rebanhos".
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
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Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.
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Alberto Caeiro, em "O Guardador
de Rebanhos".
António Gedeão ------- A minha aldeia
“Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence”
(António Gedeão)
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence”
(António Gedeão)
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