domingo, 28 de fevereiro de 2016
Fernando Pessoa ----- SEGUE o teu DESTINO
Segue o teu destino
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
..................................
Fernando Pessoa
sábado, 27 de fevereiro de 2016
Pablo Neruda ---- O vento
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube que ias comigo,
até que as tuas raízes atravessaram o meu peito,
uniram-se aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
A princípio não te vi: não soube que ias comigo,
até que as tuas raízes atravessaram o meu peito,
uniram-se aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
Carlos Drummond Não há falta na ausencia
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
No barco sem ninguém... David Mourão Ferreira
[ David Mourão Ferreira, que faria anos...]
'No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter?
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter?
— Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos"
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos"
Nesta tão única viagem
tantas vezes sem remos
muitas outras sem rumos
tantas vezes sem remos
muitas outras sem rumos
Entre a brisa e a tormenta
Fomos tantas marés!...
Fomos tantas marés!...
"24 de fevereiro"
E por vezes ... David Mourão Ferreira
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira,
"24 fevereiro, 1927 / 16 junho,1996 "
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira,
"24 fevereiro, 1927 / 16 junho,1996 "
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
lÁGRIMA --- cARLOS DE oliveira
LÁGRIMA
A cada hora
o frio
que o sangue leva ao coração
nos gela como o rio
do tempo aos derradeiros glaciares
quando a espuma dos mares
se transformar em pedra.
o frio
que o sangue leva ao coração
nos gela como o rio
do tempo aos derradeiros glaciares
quando a espuma dos mares
se transformar em pedra.
Ah no deserto
do próprio céu gelado
pudesses tu suster ao menos na descida
uma estrela qualquer
e ao seu calor fundir a neve que bastasse
à lágrima pedida
pela nossa morte.
do próprio céu gelado
pudesses tu suster ao menos na descida
uma estrela qualquer
e ao seu calor fundir a neve que bastasse
à lágrima pedida
pela nossa morte.
CARLOS de OLIVEIRA
sábado, 13 de fevereiro de 2016
O vento da vida PABLO Neruda
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube que ias comigo,
até que as tuas raízes atravessaram o meu peito,
uniram-se aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Cesário Verde OH mantos de veludo
(...............................................................
"Ó mantos de veludo esplêndido e sombrio,
Na vossa vastidão posso talvez morrer!
Mas vinde-me aquecer, que eu tenho muito frio
E quero asfixiar-me em ondas de prazer. )"
'O Livro de Cesário Verde'
"Ó mantos de veludo esplêndido e sombrio,
Na vossa vastidão posso talvez morrer!
Mas vinde-me aquecer, que eu tenho muito frio
E quero asfixiar-me em ondas de prazer. )"
'O Livro de Cesário Verde'
VIAGEM --- MIGUEL TORGA
VIAGEM
É o vento que nos leva
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...
Miguel TORGA
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