sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vem sentar-te comigo, Lídia




Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes
....

Fernando Pessoa

Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.


Quer pouco, terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

DETALHES...........

 
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PORMENORES ............

 
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Diversas Tonalidades de "VERDE"

 
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DIFERENTES TONS de " VERDE " -------- LIIIIINDOS
----------------------------------------------- A OLIVEIRA
----------------------OS VERDES CINZAS ESPETACULARES-----------------------

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pôr do SOL ----- A HORA da MAGIA.....

"Preencho o meu pôr do sol,
As minhas horas,
Os meus séculos
Com saudades de fim de tarde!
Vens sorrindo estrelas
E anuncias luares de Janeiro...
Contemplo-te deste lado das horas tardias
E vejo-te no espelho da ausência.
Para lá do infinito da minha alma,
Construo a ponte que me leva a ti
E agarro a mão
Que me faz atravessar oceanos de carinho!
Na orla do meu caminho para ti,
Rompo a queratina do tempo
E a cartilagem da dor,
Toco-te a serenidade,
A tua linha de horizonte que desconheço
E encontro afagos,
Vontade de encher vazios,
Asas de ternuras
Entranhadas na ausência!"


Poema retirado da Net

O ESPETÁCULO do PÔR do SOL ------- Graduações ....



"O BÚZIO " de SOPHIA M. B. A.

"Quando eu era pequena, passava às vezes pela praia um velho louco e vagabundo a quem chamavam o Búzio.

O Búzio era como um monumento manuelino: tudo nele lembrava coisas marítimas. A sua barba branca e ondulada era igual a uma onda de espuma. As grossas veias azuis das suas pernas eram iguais a cabos de navio. O seu corpo parecia um mastro e o seu andar era baloiçado como o andar dum marinheiro ou dum barco. Os seus olhos, como o próprio mar, ora eram azuis, ora cinzentos, ora verdes, e às vezes mesmo os vi roxos. E trazia sempre na mão direita duas conchas. Eram daquelas conchas brancas e grossas com círculos acastanhados, semi-redondas e semitriangulares, que têm no vértice da parte triangular um buraco."

"O Búzio passava um fio através dos buracos, atando assim as duas conchas uma à outra, de maneira a formar com elas umas castanholas. E era com essas castanholas que ele marcava o ritmo dos seus longos discursos cadenciados, solitários e misteriosos como poemas."


SOPHIA MELLO B. A.

Passeios Quotidianos.... relembrando "O BÚZIO" de SOPHIA



Nos meus passeios quotidianos, nesta praia, a minha memória divagava sempre pelo velho conto que eu lia e relia aos meus alunos de 7º ano e que sempre me enternecia o meu pensamento... "o velho com a sua capa e as conchas penduradas"......... " e,....trazia sempre na mão direita duas conchas..."

Foi um CONTO que sempre me deliciou e que me acompanha......... vezes sem conta........

" O Búzio "

" NO alto da duna o Búzio estava com a tarde. O sol pousava nas suas mãos, o sol pousava na sua cara e nos seus ombros. Ficou algum tempo calado, depois devagar começou a falar. Eu entendi que falava com o mar, pois o olhava de frente e estendia para ele as suas mãos abertas, com as palmas em concha viradas para cima. Era um longo discurso claro, irracional e nebuloso que parecia, com a luz, recortar e desenhar todas as coisas. Não posso repetir as suas palavras: não as decorei e isto passou-se há muitos anos. E também não entendi inteiramente o que ele dizia. E algumas palavras mesmo não as ouvi, porque o vento rápido lhas arrancava da boca. Mas lembro-me de que eram palavras moduladas como um canto, palavras quase visíveis que ocupavam os espaços do ar com a sua forma, a sua densidade e o seu peso. Palavras que chamavam pelas coisas, que eram o nome das coisas. Palavras brilhantes como as escamas de um peixe, palavras grandes e desertas como praias. E as suas palavras reuniam os restos dispersos da alegria da terra. Ele os invocava, os mostrava, os nomeava: vento, frescura das águas, oiro do sol, silêncio e brilho das estrelas."

Sophia de Mello Breyner Andresen,

CONCHAS ....

 
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