quarta-feira, 8 de julho de 2015

Camilo Pessanha ----Floriram por engano as ROSAS BRAVAS




Floriram por engano as rosas bravas 
No Inverno: veio o vento desfolhá-las... 
Em que cismas, meu bem? Porque me calas 
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!... 
Onde vamos, alheio o pensamento, 
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento 
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve, 
Surda, em triunfo, pétalas, de leve 
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu! 
Quem as esparze — quanta flor! —, do céu, 
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

CAMILO PESSANHA

quarta-feira, 17 de junho de 2015

António Fonseca Soares --- Conta e Tempo


                                    CONTA E TEMPO

                      Deus pede estrita conta de meu tempo.
                      E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
                      Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
                      Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

                      Para dar minha conta feita a tempo,
                      O tempo me foi dado, e não fiz conta.
                      Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
                      Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.

                      Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
                      Não gasteis vosso tempo em passatempo.
                      Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!

                      Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
                      Quando o tempo chegar, de prestar conta
                      Chorarão, como eu, o não ter tempo...

 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

O essencial é saber ver

"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender"

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O Beijo ---- Alexandre O´Neill

O Beijo
Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.
Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?
É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.
E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...
Alexandre O´Neill

terça-feira, 26 de maio de 2015

Alexandre O' Neill Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam 
Como se tivessem boca. 
Palavras de amor, de esperança, 
De imenso amor, de esperança louca. 

Palavras nuas que beijas 
Quando a noite perde o rosto; 
Palavras que se recusam 
Aos muros do teu desgosto. 

De repente coloridas 
Entre palavras sem cor, 
Esperadas inesperadas 
Como a poesia ou o amor. 

(O nome de quem se ama 
Letra a letra revelado 
No mármore distraído 
No papel abandonado) 

Palavras que nos transportam 
Aonde a noite é mais forte, 
Ao silêncio dos amantes 

Alexandre O´Neill

domingo, 24 de maio de 2015

"Manter-me ligada à vida" --- maria josé franca

"Manter-me ligada à Vida que irrompe à minha volta. Permitir que a felicidade me inunde e caminhar em direção a braços que se abrem. Pedir à Vida mais Vida."       Maria José Franca

Renoir ---Baile do Moulin de la Galette


bAILE do MOULIN de LA GALETTE

Primeiro baile de uma vida
(…)
Isto já faz muito tempo, mas não parece.
Ainda a vejo naquela mesa escondendo as mãos.
Foi um encontro marcado por algo maior.
Nas asperezas das mãos, a maciez do amor.
Eu, que sequer sabia dançar, valsei com ela.
Foi capaz de me conduzir à vida plena de sonhos.
Foi naquele baile, nosso primeiro, que de facto, renascemos.
Jossan Karsten/Escritor
- Baile no Moulin de la Galette, de Pierre-Auguste Renoir, é uma pintura do século XIX que pode ser encontrada no charmoso Museu d'Orsay, em Paris. Uma das primeiras obras-primas do Impressionismo

sexta-feira, 22 de maio de 2015

sOLIDÃO f. bUARQUE DA hOLANDA

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....
Francisco Buarque de Holanda

o melro ---Guerra Junqueiro

O MELRO
O melro, eu conheci-o:
Era negro, vibrante, luzidio,
Madrugador, jovial;
Logo de manhã cedo
Começava a soltar d'entre o arvoredo
Verdadeiras risadas de cristal.
E assim que o padre cura abria a porta
Que dá para o passal,
Repicando umas finas ironias,
O melro d'entre a horta
Dizia-lhe: «Bons dias!»
E o velho padre cura
Não gostava daquelas cortesias.
(…)
Guerra Junqueiro

terça-feira, 19 de maio de 2015

Poema de Teresa BALTÉ ----trouxeste-me o deserto

Trouxeste-me o deserto
fiquei a duna depois do vento
atenta ao silêncio
trouxeste-me o absoluto
o que dura por metáforas
de timbre e cores várias
trouxeste-me o inverso
mas igualmente intenso
ou tão surpreende
equilíbrio do extremo
a vida divisou-nos
guardámos as visões
tERESA bALTÉ

terça-feira, 12 de maio de 2015

E por vezes David Mourão Ferreira ---- E por vezes

E por vezes as noites duram meses 
E por vezes os meses oceanos 
E por vezes os braços que apertamos 
nunca mais são os mesmos    E por vezes 

encontramos de nós em poucos meses 
o que a noite nos fez em muitos anos 
E por vezes fingimos que lembramos 
E por vezes lembramos que por vezes 

ao tomarmos o gosto aos oceanos 
só o sarro das noites      não dos meses 
lá no fundo dos copos encontramos 

E por vezes sorrimos ou choramos 
E por vezes por vezes ah por vezes 
num segundo se evolam tantos anos 

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ama as tuas rosas --- Fernando Pessoa

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é maios ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós própios.

Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Ricardo Reis

terça-feira, 28 de abril de 2015

Rosas Bravas ---- Camili Pessanha

Rosas Bravas   Camilo Pessanha

Floriram por Engano as Rosas Bravas----- No inverno: veio o vento desfolhá-las...----- Em que cismas, meu bem? Porque me calas----- As vozes com que há pouco me enganavas?----- Castelos doidos! Tão cedo caístes!...----- Onde vamos, alheio o pensamento,----- De mãos dadas? Teus olhos, que um momento----- Perscrutaram nos meus, como vão tristes!----- E sobre nós cai nupcial a neve,----- Surda, em triunfo, pétalas, de leve----- Juncando o chão, na acrópole de gelos...----- Em redor do teu vulto é como um véu!----- Quem as esparze _quanta flor! _do céu,----- Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos? ------ -------------------------------------------------- Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

domingo, 26 de abril de 2015

Poesia Popular ---- A VIRGEM COLHEU TRÊS ROSAS

A Virgem colheu três ROSAS..........
A Virgem colheu três rosas,
Todas três juntas num pé:
Colheu uma para Ela,
Outra para São José
E outra para o menino
Que é Jesus de Nazaré.
Poesia Popular

Petit Prince---- Saint Exupéry ---- " Eu sou responsável pela minha rosa "

"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar. "
Pede-se a uma criança: Desenha uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

de Almada Negreiros

Almada Negreiros


Quando eu nasci ........... Sebastião da GAMA ......... oBRA pOÉTICA

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Sebastião da Gama, in 'Antologia Poética'

sábado, 25 de abril de 2015

Júlio Resende


Poema de Carlos Drumond Andrade

Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond  Andrade
Maria Helena VIEIRA DA SILVA
DEDICATÓRIA aos AMIGOS ---- FERNANDO PESSOA
"Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhámos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje já não tenho tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?
Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.
E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos !"
Fernando Pessoa
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AS PRIMEIRAS ROSAS do MEU JARDIM......


COMPANHEIROS DE PASSEIO a Guimarães 2012


UM POEMA que muito aprecio....

Pela luz dos olhos teus
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
Vinicius de Moraes

NUM HOTEL em GUIMARÃES ---Decoração maravilhosa....




P



SOLAR EM GUIMARÃES....

oS ANJINHOS QUE ADOREI NO PALÁCIO DOS DUQUES --- GUIMARÃES



Reapareço??? ....Talvez se ainda me lembrar como se faz..na realidade tenho saudades da minha gavetinha.......vou experimentar...

OS MEUS PRÍNCIPES   PRECIOSOS

GUIMARÃES ---O BERÇO DA NOSSA NACIONALIDADE

Guimarães o berço da NOSSA NACIONALIDADE....NÃO PODIA TER ESCOLHIDO MELHOR PARA REENICIAR....