terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Arbustos do mês de Natal

Folhagem...................

David Mourão ferreira

E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos. E por vezes encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos E por vezes fingimos que lembramos E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites não dos meses lá no fundo dos copos encontramos E por vezes sorrimos ou choramos E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos.

Hortênsias no meu jardinzinho..... em 8 de dezembro!!!!

......."andamento de poesia"......."no teu SOL acontecia"......Manuel Alegre

CÉU AZUL --------------

Foto tirada no meu jardinzinho no dia 8 de dezembro 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

A MISTICIDADE E A MAGIA QUE ME TRAZ O MÊS DE DEZEMBRO TRANSMITO-A ATRAVÉS DE POEMAS QUE APRECIO!!!

NA TAL

NA TAL----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Na tal habitação volto a falar-te---------- Na tal que já eu-próprio não conheço-------- Na tal que mais que tálamo era berço-------- Na tal em que de noite nunca é tarde-------- -------------------------------------------- Na tal de que por fim ninguém se evade------ Na tal a que sei bem que não regresso------- Na tal que umbilical cabe num verso--------- Na tal sem universo que a iguale------------ -------------------------------------------- Na tal habitação te vou falando------------- Na tal como quem joga às escondidas---------- Na tal a ver se tu me dizes qual------------- --------------------------------------------- Na tal de que eu herdei só este canto-------- Na tal que para sempre está perdida---------- Na tal em que o natal era Natal.------------- --------------------------------------------- David Mourão-Ferreira

E por vezes....

David Mourão-Ferreira----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- E por vezes as noites duram meses------------------------------ E por vezes os meses oceanos ---------------------------------- E por vezes os braços que apertamos---------------------------- nunca mais são os mesmos E por vezes--------------------------- -------------------------------------------------------------------------------------- encontramos de nós em poucos meses----------------------------- o que a noite nos fez em muitos anos--------------------------- E por vezes fingimos que lembramos----------------------------- E por vezes lembramos que por vezes---------------------------- --------------------------------------------------------------------------------------- ao tomarmos o gosto aos oceanos-------------------------------- só o sarro das noites não dos meses---------------------------- lá no fundo dos copos encontramos------------------------------ --------------------------------------------------------------------------------------- E por vezes sorrimos ou choramos------------------------------- E por vezes por vezes ah por vezes----------------------------- num segundo se evolam tantos anos.----------------------------- ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- David mourão Ferreira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

ACONtecia.... de Manuel Alegre

AONTECIA ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia---- Era gente a correr pela música acima.------- Uma onda uma festa. Palavras a saltar.------ ---------------------------------------------- Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.----- Guitarras guitarras. Ou talvez mar.---------- E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.--- ------------------------------------------------- Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.--- No teu ritmo nos teus ritos.------ No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).---- Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.------- E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.---- No teu sol acontecia.------------------------------------ --------------------------------------------------------- Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).------- Todo o tempo num só tempo: andamento--------------------- de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.---- Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva--------------- acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva---- na cidade agitada pelo vento.----------------- ----------------------------------------------------------- Natal Natal (diziam). E acontecia.--------------- Como se fosse na palavra a rosa brava------------- acontecia. E era Dezembro que floria.------------- Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.----- E era na lava a rosa e a palavra.´---------------- Todo o tempo num só tempo: nascimento de POESIA---- ----------------------------------------------------- MANUEL ALEGRE

ROSAS de INVERNO

Rosas de Inverno----- -------------- Corolas, que floristes---- Ao sol do inverno, avaro,---- Tão glácido e tão claro---- Por estas manhãs tristes.---- ------------- Gloriosa floração,---- Surdida, por engano,---- No agonizar do ano,---- Tão fora da estação!---- -------------- Sorrindo-vos amigas,---- Nos ásperos caminhos,---- Aos olhos dos velhinhos,---º- Às almas das mendigas! -------------- Desse Natal de inválidos---- Transmito-vos a bênção,---- Com que vos recompensam----- Os seus sorrisos pálidos.---- --------------------------------------------------------- Camilo Pessanha

Rosas Bravas Camilo Pessanha

Floriram por Engano as Rosas Bravas----- No inverno: veio o vento desfolhá-las...----- Em que cismas, meu bem? Porque me calas----- As vozes com que há pouco me enganavas?----- Castelos doidos! Tão cedo caístes!...----- Onde vamos, alheio o pensamento,----- De mãos dadas? Teus olhos, que um momento----- Perscrutaram nos meus, como vão tristes!----- E sobre nós cai nupcial a neve,----- Surda, em triunfo, pétalas, de leve----- Juncando o chão, na acrópole de gelos...----- Em redor do teu vulto é como um véu!----- Quem as esparze _quanta flor! _do céu,----- Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos? ------ -------------------------------------------------- Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Natal ---Miguel Torga

Natal---- Ninguém o viu nascer.---- Mas todos acreditam---- Que nasceu.---- É um menino e é Deus.---- Na Páscoa vai morrer, já homem,---- Porque entretanto cresceu---- E recebeu---- A missão singular---- De carregar a cruz da nossa redenção.---- Agora, nos cueiros da imaginação,---- Sorri apenas---- A quem vem,---- Enquanto a Mãe,---- Também---- Imaginada,---- Com ele ao colo,---- Se enternece---- E enternece---- Os corações,---- Cúmplice do milagre, que acontece---- Todos os anos e em todas as nações.---- ---- Miguel Torga