"Quando eu era pequena, passava às vezes pela praia um velho louco e vagabundo a quem chamavam o Búzio.
O Búzio era como um monumento manuelino: tudo nele lembrava coisas marítimas. A sua barba branca e ondulada era igual a uma onda de espuma. As grossas veias azuis das suas pernas eram iguais a cabos de navio. O seu corpo parecia um mastro e o seu andar era baloiçado como o andar dum marinheiro ou dum barco. Os seus olhos, como o próprio mar, ora eram azuis, ora cinzentos, ora verdes, e às vezes mesmo os vi roxos. E trazia sempre na mão direita duas conchas. Eram daquelas conchas brancas e grossas com círculos acastanhados, semi-redondas e semitriangulares, que têm no vértice da parte triangular um buraco."
"O Búzio passava um fio através dos buracos, atando assim as duas conchas uma à outra, de maneira a formar com elas umas castanholas. E era com essas castanholas que ele marcava o ritmo dos seus longos discursos cadenciados, solitários e misteriosos como poemas."
SOPHIA MELLO B. A.
OH como eu gostei deste conto da Sophia; adorei!
ResponderEliminarAinda bem que mo relembraste...
Beijinho
Lurdes
Sophia, prende-nos a atenção para o conto "O Búzio",bem escrito...bem organizado...com todos os ingredientes para que a nossa imaginação esteja a funcionar em redor de momentos passados na praia...a imaginar cenas interessantes de alguém interessante...que nos consegue prender a atenção...Ela era uma Mestre da escrita...Ainda bem que me foi dado sse prazer...pois eu não conhecia este conto.
ResponderEliminarObrigada por isso.Ana C.