" A navegar num doce mar de mosto
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho! "
(Miguel Torga, Diário IX)
Cruzei-me hoje com ele em Coimbra.
ResponderEliminar:)
É muito gratificante encontrar um escritor/ poeta na rua!!!...
ResponderEliminarTambém me cruzei inúmeras vezes com ele no Largo da Portagem, próximo do seu consultório!
É pena vermos a idade a avançar em pessoas, como Adolfo Rocha que tanto contribui para valorizar tão magistralmente os nossos contos, a nossa prosa, os nossos poemas e as nossas gentes, especialmente os Transmontanos! Estas pessoas tão ilustres deviam viver muitos, muitos e muitos anos, sempre lúcidos e brilhantes!
Abraço
helena