Santuário da Lapa: História e Tradição
"No arco de cinco séculos, um santuário como o da Lapa anda indelevelmente ligado a uma história e a uma tradição, com uma trama que diverte e edifica. De comum com tantos outros tem uma lapa e uma imagem da Virgem, mas como nenhum outro se afirmou no cimo de uma serra inóspita, assumindo uma forma verdadeiramente inconfundível. Foi um santuário mariano pioneiro, antecedendo de séculos outros que o vieram a ultrapassar, com aura e fama para além da fronteira regional e até nacional. Antes de Vila Viçosa, antes do Sameiro, antes dos Remédios, a Lapa já era. É desta riqueza que se dá conta neste álbum ilustrado com fotografias de Carlos Cristóvão.
A origem do culto da Senhora da Lapa mistura-se com a história e a lenda. De qualquer modo, escreve Arnaldo Pinho, “tem sido, não uma ilusão, mas algo de real a atrair, durante séculos, milhares de peregrinos a subir serra tão agreste como a da Lapa”.
Durante a incursão dos Mouros ocorrida em 982, um pequeno grupo de religiosas, cujo mosteiro havia sido destruído, levou consigo uma pequena imagem de Nossa Senhora, objecto de especial devoção. Numa gruta situada no alto da serra, longe das vias traçadas pelos romanos, foi Nossa Senhora guardada, talvez na esperança de um dia poder voltar à sua origem. Desapareceram as monjas e a imagem permaneceu escondida, até que cinco séculos depois, em 1498, foi descoberta por uma pastora surda-muda de nascença, Joana de seu nome. Abreviando, Nossa Senhora foi levada para casa da menina, que a enchia de cuidados e veneração. Até que um dia, a mãe, irritada com tantos desvelos, atirou para a fogueira o que lhe parecia ser uma mera boneca. E agora retomamos a prosa de Arnaldo de Pinho: “A partir daqui desencadeia-se uma série de maravilhas, que o povo logo apelidou de ‘milagres’: a imagem nada sofreu, a mãe ficou paralítica do braço e a língua da filha se soltou. Apesar da sua mudez, Joana falou, e apesar de ter tocado o fogo, ela não se queimou. Perante tais prodígios, a mãe e filha puseram-se de joelhos, para pedir perdão e para venerar a imagem de Nossa Senhora. Logo a seguir, o braço da mãe retomou o movimento normal.”
“Vindo estabelecer-se na Lapa, os Jesuítas dão corpo, com o auxílio de particulares, à edificação do Santuário e do Colégio, obras iniciadas no século XVI. O Colégio, junto ao Santuário, começou nos finais do século XVII, mais exactamente em 1685 e ficou sempre obra não acabada. O complexo religioso e escolar afirma-se progressivamente como um prestigiado e prestigiante santuário de peregrinação nacional e um notável pólo de de aquisição e consolidação de cultura. E a Senhora da Lapa impõe-se como um centro de irradiação do culto à Virgem e como fermento de mais povoações, cidades, dioceses e santuários um pouco por todo o mundo, sobretudo pelas inúmeras estâncias por que andarilharam os padres jesuítas.” (Abílio Louro de Carvalho). "
Obs:---Este texto foi retirado da Net
Li com imenso prazer a lenda contada e recontada e achei uma ternura...
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