Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
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Olá Lenita:
ResponderEliminarFlorbela Espanca, alentejana como eu...
Nasceu em Vila Viçosa...e depois a sua história de vida é verdadeiramente dramática... aliás os seus poemas dizem isso mesmo...
"E as lágrimas que choro...
"Ninguém as vê brotar...
"Ninguém as vê cair dentro de mim...
Nunca se sentiu verdadeiramente amada...e a
tristeza invadiu de mansinho a sua alma e acabou por desfalecer precocemente.
Era uma mulher muito bela...muito inteligente
e com grande sensibilidade artistica e cultur
al.
Obrigada por nos levar a recordar esta Poetisa...
Mana
Agradeço muito MAna o seu comentário tão elucidativo e completo sobre a grande poetisa Florbela.
ResponderEliminarA poesia é muito sofrida e testemunha bem a angústia em que sempre viveu; é o espelho da sua vida e Florbela sabe mostrar magistralmente o seu espírito em sofrimento.
Beijinho MAna